Portugal visto daqui - parte 1: "O Sol"

quarta-feira, 4 de maio de 2011
O jornal Berlingske, um dos mais lidos na
Dinamarca, noticiava na sua página: 
Portugal, abalado pela crise,
dirige-se à União Europeia: Ajudem-nos
Tenho seguido com preocupação e tristeza o desenvolvimento da situação em Portugal. Na Dinamarca as notícias a esse respeito são poucas e breves, mas inequívocas. Parece-me evidente que, a norte do rio Minho, ninguém está particularmente preocupado com as famílias portuguesas que se angustiam com o que sentem suceder à sua volta. A preocupação é tão-somente com a avaliação do impacto da crise portuguesa no Euro e na recuperação da economia da Europa. Portugal parece ser visto como uma espécie de miúdo com problemas, a quem se deu um Porsche. O miúdo espetou-se, mas a atenção agora é já para o outro, mais novo e mais de leste (e insisto que se trata de um Porsche e não um Ferrari, para quem quiser ler nas entrelinhas).
 

Eu importo-me com o que se passa em Portugal, independentemente do seu impacto no resto da Europa. Importo-me com o que estarão a sentir os meus familiares e amigos em Portugal e com todos os outros, que eu não conheço, mas que alguém que eu conheço, conhece. Por isso, apesar de não abundarem por aqui as informações sobre a situação portuguesa, abro uma vez por outra no meu computador uma janela com vista para Portugal e assisto a noticiários, debates, entrevistas. Mais vezes me sinto triste do que preocupado, mas infelizmente nunca surpreendido com a situação.
 

Há um ano por esta altura trocava uma série de mensagens com o Fernando Alves, cronista na TSF, e numa delas escrevi um comentário relativo ao reaparecimento do Sol aqui em Copenhaga, e ao sentido que esse Sol invocava após o longo Inverno. Ele gostou do comentário e acabou por utilizá-lo como centro de uma das suas crónicas diárias. 

O Sol volta agora a Copenhaga e mostra em azul forte o céu e os canais. Depois de diminuído pela estação fria e escura, este Sol sabe a esperança, a vitória e a recompensa para quem atravessou o Inverno. Iluminadas pelos sinais deste Sol novo vejo ao meu redor pessoas sorridentes e confiantes, mas ao ouvir o Português, vindo em zeros e uns de Portugal, não posso deixar de recordar as tantas pessoas que nos últimos tempos aí encontrava no metro, no autocarro, na rua, com olhar vago e desiludido. Entendo agora que pareciam estar embargadas num Inverno eterno; de ter falta de Sol, o tal de esperança que um dia deve chegar

Sem comentários:

Enviar um comentário

Search